Bibliotecas Contra o Ódio - uma reflexão sobre o papel das bibliotecas em nossa época
10.12.16
Um dos textos do livro Bibliotecas Mudam o Mundo recém lançado pela editora Magnolia Cartonera, chama-se 'Bibliotecas Contra o Ódio', é uma reflexão sobre o papel das bibliotecas em nossa época, em que os discursos de ódio estão cada vez mais fortes e presentes de forma normalizada no dia a dia.
Para esse texto fomos em busca de exemplos práticos de bibliotecas ao redor do mundo que estão combatendo, nesse momento de nossa História, os atos de intolerância e os discursos de ódio com ações, programações e iniciativas voltadas para educar, conscientizar e combater os preconceitos.
É crescente e relevante o número de bibliotecas mundiais que estão mais cientes e comprometidas com suas comunidades leitoras em aprofundar seu papel como espaços de refúgio contra o ódio, de se consolidar como locais seguros para todas as pessoas, e que se levantam em defesa da diversidade.
Ao realizar as pesquisas para esse livro, nós entendemos que o momento em que estamos vivendo está exigindo mais ações das bibliotecas e instituições culturais para ampliar suas vozes no combate ao ódio. As bibliotecas estão cada vez mais se afirmando como locais atuantes ao apoiar uma sociedade democrática, que inclui o acesso livre, aberto e igualitário à diversidade de informações e idéias produzidas pela humanidade, que se afirmam incentivadoras do engajamento cívico, da liberdade intelectual e liberdade de expressão. A liberdade de expressão jamais deve ser interpretada como tolerância ou oportunidade para que os discursos de ódio ocorram.
Um dos objetivos do livro Bibliotecas Mudam o Mundo é trazer ao conhecimento de nossas leitoras e leitores as ações que essas bibliotecas estão promovendo em nome da aceitação e da tolerância. Além desse texto, em diversas outras passagens do novo livro da Magnolia Cartonera, partilhamos exemplos de bibliotecas resilientes que se levantam contra a intolerância, e se transformam em locais seguros e de oposição à uma sociedade que normaliza e aceita preconceitos, atos e discursos de ódio.
A ALA - Associação Americana de Bibliotecas publicou uma nota em resposta aos atos violentos de ódio que se seguiram após a aleição de Donald Trump convocando trabalhadoras e trabalhadores de bibliotecas contra o ódio:
"Pedimos a todos os trabalhadores da biblioteca para nos ajudar a continuar a dar visibilidade ao trabalho que fazemos juntos bater de frente contra o racismo, xenofobia, islamofobia, assim como todas as formas de intolerância e opressão à medida que perseguimos a nossa missão. A biblioteca é um lugar onde os usuários aprendem mais sobre as questões que estão em jogo a partir de fontes com credibilidade, aprendem história, encontram livros de qualidade, tiram proveito dos recursos da comunidade, utilizam espaços seguros, organizar e envolver-se em cuidados pessoais quando eles enfrentam um período difícil".
10 de dezembro é o Dia dos Direitos Humanos
Data é amplamemte celebrada com programações em bibliotecas, museus, centros culturais ao redor do mundo. O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, lembrou a importância da defesa dos direitos humanos:
“Em um momento de múltiplos conflitos, crescentes necessidades humanitárias e aumento do discurso de ódio, a Declaração Universal dos Direitos Humanos nos lembra que o reconhecimento dos ‘direitos iguais e inalienáveis de todos os membros da família humana é a base da liberdade, da justiça e da paz no mundo.
Também precisaremos deste espírito para combater o extremismo, interromper o desrespeito às leis humanitárias internacionais e defender grupos da sociedade civil que enfrentam medidas cada vez mais duras que os impedem de exercer seu papel vital.
Como secretário-geral das Nações Unidas na última década, eu repetidamente enfatizei a interdependência dos três pilares das Nações Unidas — paz, desenvolvimento sustentável e direitos humanos” — Ban Ki-moon (Secretário Geral da ONU)
'Bibliotecas Contra o Ódio' faz parte de uma nova iniciativa que colocamos em prática no blog Bibliotecas do Brasil, e que já está presente no livro Bibliotecas Mudam o Mundo da Magnolia Cartonera. Essa é uma iniciativa para propagar, ampliar as vozes e tornar conhecidas as ações, programações e atividades realizadas por espaços de leitura, bibliotecas, escolas, universidades, professoras e professores, grupos voluntários, pessoas anônimas e comunidades, que são voltadas para educar para a aceitação e para a tolerância, para a cura da comunidade leitora, que estão focadas em promover espaços seguros ao incentivo à diversidade, no combate ao ódio, na luta pela diversidade e contra os preconceitos, como a homofobia, o machismo, o racismo, a transfobia, a xenofobia, e contra todos os atos violentos e discursos que incitam o ódio e a intolerância.
O livro Bibliotecas Mudam o Mundo está à venda em nossa loja online.
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Leia os textos que já publicamos sobre bibliotecas, espaços de leitura, ongs, livros e pessoas que combatem o ódio e ajudam a educar para uma cultura de aceitação e tolerância:
- Equality House sofre ataque de ódio e intolerância
- Bibliotecas resilientes servem de apoio e refúgio após eleição de Donald Trump
- Como uma minibiblioteca pode combater o ódio
- Uma ideia simples para acabar com o cyberbullying
- Fahrenheit 451 e uma sociedade mais tolerante
Texto: Daniele Carneiro
Artes e fotos: Juliano Rocha
Com informações do site da ONU - ONU lembra importância de defender direitos humanos frente a discursos de ódio e da ALA - Libraries Respond: 2016 Election
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