Coleção Brasiliana no Itaú Cultural, SP
8.5.15
No mês de dezembro de 2014 estivemos em São Paulo para passar a semana do Natal. Foram 7 dias de muitos quilômetros andados e centenas de obras de arte vistas - passamos pelo MASP, pela Pinacoteca, pelo Museu Afro Brasil, pelo Instituto Tomie Ohtake e pelo Museu da Língua Portuguesa. A viagem também foi marcada pelos diversos livros que conhecemos e lemos pequenos trechos nas abundantes livrarias da Avenida Paulista. Mas a exposição que eu mais queria visitar e que me emocionou muito em ver pessoalmente foi a Brasiliana no Itaú Cultural.
A Exposição Brasiliana é imensa, perfeita para quem gosta de observar pequenos detalhes de forma minuciosa. Na exposição os visitantes podem conhecer o Brasil a partir do olhar da história, da arte, da geografia, da antropologia, enfim, dos campos de conhecimento que mais se identificar. A Brasiliana proporciona ao visitante a aquisição de uma bagagem cultural incrível. A curadoria da exposição é impecável. É a História do Brasil de um jeito gostoso de conhecer e apreciar. São várias salas que nos remetem à nossa história desde a chegada dos europeus, seu encontro com os indígenas e as primeiras fases da colonização. Essa história é contada através de ilustrações, mapas belíssimos, documentos históricos, moedas, e livros, muitos livros.
Na Brasiliana podemos ter uma ampla visão do que os europeus viram, imaginaram e vivenciaram assim que chegaram ao Brasil. É a imagem do Brasil desconhecido, uma terra que eles acabavam de aportar, repleto de mistérios e também muita mitologia mostrada em diversos mapas que contém criaturas extraordinárias como uma onça com cabeça de macaco, capivaras com cabeça de antas e dragões.
Logo no começo da exposição, conhecemos A Imagem do Brasil Canibal, onde ilustrações de Theodore De Bry mostram a visão que os europeus recém chegados tinham de rituais antropofágicos brasileiros. É uma experiência visual maravilhosa, e vale muito passar uns longos minutos apreciando cada detalhe.
Ao longo da exposição conhecemos as impressões que os primeiros exploradores tiveram do Brasil, como imagens do interior do país, da costa, do litoral, da fauna e da flora brasileira.
A Brasiliana é repletas de documentos históricos que podem ser vistos de perto devido à curadoria impecável. Em algumas salas, logo abaixo das vitrines expositivas o visitante pode puxar uns gavetões e ali descobrir mais artefatos disponíveis para exposição. Durante nossa visita vimos algumas pessoas meio atrapalhadas e também admiradas (tanto quanto nós) em descobrir essas gavetas repleta de peças que fazem parte da exposição.
A Brasiliana é absolutamente imperdível, principalmente para quem tem a curiosidade de mergulhar em trechos importantíssimos da História do Brasil que muitas vezes não são assim tão conhecidos. A exposição é imensa, linda, encantadora, precisa ser vista, visitada, amada. A pessoa que visita, sai dali sentindo que aprendeu muito e desvendou mistérios relacionados ao Brasil. É uma exposição muito bonita, delicada, bem executada e capaz de passar um conhecimento enorme aos visitantes. Da próxima vez que visitá-la pretendo levar um caderninho para fazer anotações, pois há muita informação ali para ser debatida fora do museu, até mesmo aqui no blog.
Uma caixa milagrosamente intacta do príncipe naturalista alemão. Essa caixinha foi uma das peças que eu mais amei na Brasiliana. O texto que a acompanha diz o seguinte: "esta caixa chegou até nós, tal como foi montada pelo príncipe Maximiliano, com amostras colhidas durante sua expedição ao Brasil, de 1815 à 1817. Contém ovos, presas e caveiras de cobras, ainda embalados num jornal alemão da época. No interior da caixa foi também deixado um desenho original do príncipe naturalista descrevendo parte do seu conteúdo".
Nessa parte da exposição, o visitante pode puxar toda uma estante com as moedas referentes à várias passagens da História do Brasil.
O Brasil da Escravidão: Através dos olhos de artistas como Jean-Baptiste Debret, Johann Moritz Rugendas e Jean-Victor Frond os visitantes podem conhecer cenas da vida das pessoas que foram capturadas no continente africano e trazidas para o Brasil para serem escravizadas. De toda essa exposição, foi a parte que mais me emocionou. Chegamos na Brasiliana direto do Parque Ibirapuera, onde visitamos o Museu Afro Brasil, e os conhecimentos adquiridos por lá se complementam com os conhecimentos ofertados pela Brasiliana.
Aqui dentro é possível passar horas e horas sorvendo conhecimentos históricos, geográficos, artísticos, antropológicos e também literários.
É bom lembrar que essa é uma visão européia do Brasil, que possui toda uma rica história antes da chegada dos europeus. Infelizmente não possuímos relatos escritos dessa época, pois os povos indígenas possuíam uma cultura oral que foi perdida em grande parte pela morte da maioria da população local por doenças e a ação direta dos europeus que aqui chegaram. Contamos com os trabalhos de antropólogos e arqueólogos para nos contar mais sobre esse período.
Conhecer a Brasiliana é um despertar para a História do Brasil. É compreender como era esse país antes da chegada dos europeus, capturar através de todo esse acervo museológico a força da natureza, e a sua majestosidade quando o país era inexplorado. Essa exposição é para quem ama exposição de livros, natureza, arte e história e se conecta com detalhes.
Itaú Cultural - site
Localização: Avenida Paulista, 149 - São Paulo/SP
Daniele Carneiro e Juliano Rocha - Bibliotecas do Brasil
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Fotos: Daniele Carneiro e Juliano Rocha - Creative Commons
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