Casa da Leitura Franco Giglio está abandonada em Curitiba
16.4.14
Fotos: Daniele Carneiro - Bibliotecas do Brasil (Licença Creative Commons)
Assim como a Biblioteca da Casa Kozák no Uberaba, desde Janeiro de 2011 a Casa da Leitura Franco Giglio no bairro Campina do Siqueira em Curitiba está fechada ao público conforme comunicado no site da Fundação Cultural de Curitiba, que naquela época dizia o seguinte: "permanecerá temporariamente fechada a partir desta terça-feira (25) para reformas". Mas a Biblioteca Franco Giglio nunca mais abriu e continua no limbo até agora, 3 anos depois de seu fechamento. Estivemos hoje (16 de Abril de 2014) no final da tarde para visitar a biblioteca e verificar a situação dela.
A fachada está depredada, os portões ficam trancados, há algum lixo nas escadas em frente da biblioteca.
Nota-se que a condição geral do edifício decaiu muito por causa da falta de manutenção e atenção para os reparos necessários. O telhado está com uma aparência desgastada, velho, e já tem várias telhas faltando.
Trecho do relato de Cláudia Serathiuk, que também pode ser lido na íntegra no blog Olhar Comum:
"Eu lia dois livros por dia, não podia perder tempo, eram muitos. Emprestava um de manhã, lia durante o almoço, em casa. À tarde devolvia e logo pegava outro para a noite. A minha velocidade era outra. Eu passava minhas férias inteiras lá!
Cresci, frequentei outras bibliotecas, a Pública do Paraná, principalmente, mas a Franco Giglio me acompanhou a vida toda. Ao visitar o Louvre, quando vi pela primeira vez uma tela de El Greco, aquele momento emocionante me remeteu diretamente à Roseli e suas aulas de arte".
A informação sobre o horário de atendimento no site da Prefeitura de Curitiba como podemos confirmar está errada, pois as fotos comprovam, a Biblioteca Franco Giglio está fechada ao público, em estado de deterioração. A mesma informação errônea é passada sobre a Biblioteca da Casa Kozák, que também está no limbo desde 2011.
Uma grandiosa e histórica Araucária é a única a contemplar a presença da Biblioteca Franco Giglio
A fachada está depredada, os portões ficam trancados, há algum lixo nas escadas em frente da biblioteca.
Nota-se que a condição geral do edifício decaiu muito por causa da falta de manutenção e atenção para os reparos necessários. O telhado está com uma aparência desgastada, velho, e já tem várias telhas faltando.
Parte lateral da Biblioteca Franco Giglio.
Soubemos da situação da Biblioteca Franco Giglio através de uma conversa no Facebook que nos levou ao blog Olhar Comum de autoria de Gilson Camargo e o texto é de Ana Carolina Caldas. O post pode ser lido na íntegra nesse link: Biblioteca Franco Giglio infestada de cupins.
Separamos alguns trechos interessantíssimos com relatos íntimos de convivência com o local, que refletem sobre a importância de se ter uma biblioteca atuante no bairro. Quando uma criança cresce com poucos recursos, a biblioteca se é atuante e têm pessoas dispostas e qualificadas para integrar este difusor de cultura e a comunidade (não apenas funcionários apáticos, hostis ou impassíveis diante de uma tela de computador, sem a menor vontade de fazer o atendimento), ela se torna um oásis de conhecimento, que leva os leitores para mundos magníficos que eles irão carregar para o resto de suas vidas. Através das palavras desse pequeno trecho escolhido do relato da Ana Carolina Caldas podemos visualizar melhor como era ser criança e ter uma biblioteca atuante para frequentar pertinho de casa:
A Biblioteca Franco Giglio foi fundada em 12 de outubro de 1982.
"Eu, meus irmãos e a criançada do bairro fomos atraídos na década de 80 para lá; era o nosso ponto de encontro, além de ser, sem dúvida alguma o lugar mais divertido do bairro. Era também o espaço em que os pais sentiam-se seguros, pois das 9 às 18h tínhamos atividades. O dia inteiro e gratuitamente. Da tradicional hora do conto às aulas de flauta doce, formação de bandinha, aulas de artesanato, teatro, até as inesquecíveis aulas de história da arte ofertadas pela Rose Giglio, viúva do pintor italiano que dá nome à biblioteca.
Eu e minha irmã fomos as primeiras cadastradas e tínhamos as carteirinhas 01 e 02. Frequentamos desde o início, tanto no período escolar como nas férias e foi neste lugar que a minha curiosidade e gosto pela arte e cultura foram despertados. Foi também aí que eu fiz novos amigos e percebi o quanto a leitura era um mundo gostoso de viver.
Logo após a inauguração, as bibliotecárias foram de casa em casa convidar os moradores do bairro a conhecer o espaço. Depois, quando uma multidão de crianças já a frequentava (sem exagero, era uma multidão!), fomos nós que batemos de porta em porta para arrecadar livros e revistas para a biblioteca. Eu tinha nove anos e vivia aquele sentimento gostoso de pertencimento, de fazer parte. Era assim a Franco Giglio. (Ana Carolina Caldas).
Logo após a inauguração, as bibliotecárias foram de casa em casa convidar os moradores do bairro a conhecer o espaço. Depois, quando uma multidão de crianças já a frequentava (sem exagero, era uma multidão!), fomos nós que batemos de porta em porta para arrecadar livros e revistas para a biblioteca. Eu tinha nove anos e vivia aquele sentimento gostoso de pertencimento, de fazer parte. Era assim a Franco Giglio. (Ana Carolina Caldas).
Trecho do relato de Cláudia Serathiuk, que também pode ser lido na íntegra no blog Olhar Comum:
"Eu lia dois livros por dia, não podia perder tempo, eram muitos. Emprestava um de manhã, lia durante o almoço, em casa. À tarde devolvia e logo pegava outro para a noite. A minha velocidade era outra. Eu passava minhas férias inteiras lá!
Cresci, frequentei outras bibliotecas, a Pública do Paraná, principalmente, mas a Franco Giglio me acompanhou a vida toda. Ao visitar o Louvre, quando vi pela primeira vez uma tela de El Greco, aquele momento emocionante me remeteu diretamente à Roseli e suas aulas de arte".
A informação sobre o horário de atendimento no site da Prefeitura de Curitiba como podemos confirmar está errada, pois as fotos comprovam, a Biblioteca Franco Giglio está fechada ao público, em estado de deterioração. A mesma informação errônea é passada sobre a Biblioteca da Casa Kozák, que também está no limbo desde 2011.
Uma grandiosa e histórica Araucária é a única a contemplar a presença da Biblioteca Franco Giglio
O lixo na parte lateral da grade que envolve a biblioteca oriundo de sacolinhas que são dispensadas em torno de locais abandonados e que acabam se abrindo por ali, serve de material para intervenção que pode ser interpretada como uma crítica ao abandono que a biblioteca padece há 3 anos.
Janelas fechadas, conhecimento trancado.
Daniele Carneiro - Bibliotecas do Brasil - contato@bibliotecasdobrasil.com
Todas as fotos são de Daniele Carneiro sob licença Creative Commons.
Arte: Juliano Rocha
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Janelas fechadas, conhecimento trancado.
Em nota a Fundação Cultural de Curitiba informa que a "Procuradoria do órgão, juntamente com a Secretaria Municipal do Urbanismo, trabalha em uma solução para que as reformas da Casa da Leitura Franco Giglio possam ser incluídas no orçamento de 2015 e que o espaço volte a atender a população já no próximo ano". Leia nota na íntegra no site da FCC.
- Atualização em 03/06/2014: Leia a reportagem e assista o vídeo feitos pelos Caçadores de Notícias do site Paraná Online publicados no dia 28/04/2014 - Casa sem leitura
Todas as fotos são de Daniele Carneiro sob licença Creative Commons.
Arte: Juliano Rocha
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