Livros não devolvidos viram caso de polícia em Arapoti/PR
30.7.13
Nós estamos aqui no blog e no Facebook quase que diariamente batendo na tecla da importância de difundir a difusão dos livros e das bibliotecas livres, conversando com as pessoas sobre como é essencial a doação de livros para as iniciativas de incentivo à leitura, e bibliotecas comunitárias que estão se desenvolvendo por todo o país. Já mostramos várias iniciativas preciosas dos mais diversos cantos do Brasil, do sul ao sertão, e de outros países também, mostramos bibliotecas que são atuantes e que estão trabalhando lado à lado, totalmente integradas com as comunidades, colaboramos com campanhas de arrecadação de livros, e também ajudamos a divulgar bibliotecas que estão passando por total abandono, na tentativa de ajudar a recuperá-las, e dar uma força à todos que estão nessa luta diariamente. E aí aparece uma notícia lamentável como essa, uma situação descabida, um perfeito exemplo de retrocesso, o oposto de tudo o que já mostramos por aqui. Olha só o que aconteceu:
Garoto demora para entregar livro da Biblioteca, e acaba virando caso de Polícia em Arapoti/PR
"A situação relatada pelo pai de um jovem que emprestou um livro na Biblioteca Pública de Arapoti, e acabou recebendo uma intimação da Polícia pela demora em entregar o livro, nos mostra claramente a inversão dos valores pelas autoridades, um jovem que deveria ganhar esse livro e muitos outros gratuitamente, para aprender, conhecer e adicionar a sua vida tantos outros benefícios encontrados em um bom livro, acaba sendo tratado como um criminoso.
Caso de Policia é a humilhação sofrida pelos pacientes no Hospital e postos de saúde de Arapoti, caso de Policia é a falta de atitudes pelas autoridades para evitar tantos acidentes na rodovia, caso de Policia é a má administração de nossas riquezas pelo poder público.
Mas jamais poderá ser caso de Polícia, a busca de um Jovem por uma boa leitura, por conhecimento e por crescimento, afinal, que valor tem um livro na prateleira?
Veja Abaixo o relato do Sr. Pascoal
Meu filho Guilherme, 17 anos, que tem o bom hábito da leitura, sempre empresta livros da Biblioteca Pública de Arapoti-PR. Ontem, 27 de julho de 2013, sábado, fomos surpreendidos com uma intimação para que ele compareça na delegacia de polícia da cidade para tratar de assunto referente ao empréstimo do livro “Asterix, a foice de ouro” que o mesmo tinha retirado para seu irmão menor de 12 anos.
É assim que são tratados, pelas autoridades, os jovens e adolescentes de nossa cidade. A simples demora na entrega de um livro, sendo tratada como algo criminoso. Como os dois são menores, bastaria um simples telefonema para o pai. Jamais se fazer um boletim de ocorrência em delegacia. Muito me espanta todo gasto em diligência, tempo de funcionário público nesta ocorrência, com um livro que custa menos de 5 reais. Algo simples, corriqueiro que causará um enorme constrangimento a todos nós. Estão penalizando e desencantando os jovens por freqüentarem a biblioteca de nossa cidade. Querem que eles deixem de acreditar em nossas autoridades constituídas e eleitas".
Prefeitura de Arapoti divulga nota pública sobre Biblioteca Cidadã
Na tarde de hoje (29), o prefeito municipal, Braz Rizzi, e a secretária de educação, Rosi Rogenski, assinaram nota pública de esclarecimento à população pelo fato ocorrido com relação a não devolução de um livro à Biblioteca Cidadã. Sem consultar a Secretaria de Educação ou o Executivo, uma servidora registrou um Boletim de Ocorrência na Polícia Civil contra um jovem de 17 anos, pelo mesmo estar com um título da Biblioteca desde janeiro deste ano. Para esclarecer o ocorrido, o Executivo se pronunciou publicamente. Segue o conteúdo transcorrido da nota:
“Em resposta a população Arapotiense, essa Administração vem respeitosamente tornar público o que segue: Que busca de todas as formas obedecer aos princípios Constitucionais, executando e promovendo ações de forma clara e coerente. Que não utiliza-se de meios truculentos para com qualquer munícipe. Que referente ao ato ocorrido, com relação ao empréstimo de livros da biblioteca cidadã, foi um ato isolado, sem conhecimento da administração e que todas as medidas possíveis e cabíveis no sentido de corrigir a atitude tomada pela servidora serão tomadas pela Administração com maior brevidade possível e que tal fato não torne a ocorrer novamente. No momento nos cabe esclarecer que sentimos muito pelo ocorrido e salientamos que tal ordem não partiu do Executivo e nem mesmo por parte da Secretaria de Educação que reconhece a importância do incentivo à leitura a todos os cidadãos Arapotienses".
Informações adicionais do G1:
Um adolescente de 17 anos de Arapoti, no norte do Paraná, foi intimado pela Polícia Civil a devolver um livro infantil que pegou emprestado na Biblioteca Pública em janeiro deste ano. Segundo a polícia, o menor tem até esta terça-feira (30) para efetuar a devolução, caso contrário, receberá outra intimação e poderá responder pelo crime de desobediência.
Em entrevista ao G1, o pai do adolescente, Elias Pascoal Nunes, disse que a Biblioteca Pública não entrou em contato anteriormente com a família para alertar sobre o atraso e pedir a devolução. “O meu filho empresta livro na biblioteca a cada 15 dias, eles poderiam ter ligado que a gente levava o livro até lá, não precisava dessa atitude abusiva”, critica. Ainda de acordo com ele, a intimação com o nome do filho foi entregue para um pedreiro que fazia obras na casa da família e não nas mãos dele ou do próprio filho. “Isso revoltou ainda mais, deu a impressão que somos bandidos, que o meu filho fez algo de grave”, alega.
Nunes conta ainda que um representante da Secretaria Municipal de Educação ligou para ele nesta segunda-feira (29) e fez um convite para que ele comparecesse ao departamento para que pudesse explicar a situação. No entanto, ele recusou e afirmou que terça-feira irá até a Delegacia com o filho e o livro e depois fará uma reclamação na Procuradoria de Justiça. “Essa atitude abusiva desestimula a leitura e faz com que os adolescentes não queiram mais ir até a biblioteca emprestar livros”, finaliza.
A secretária municipal de Educação de Arapoti, Rosi Rogenski, explica que a funcionária da biblioteca tomou a atitude de ir até a delegacia e fazer um Boletim de Ocorrência sem consultar a Secretaria. “Hoje pela manhã ela me disse que ligou para a mãe do rapaz algumas vezes, mas como o livro não foi devolvido decidiu fazer o Boletim de Ocorrência”, explica.
Ainda segundo a Secretaria Municipal de Educação, a bibliotecária adotou o procedimento que é estipulado pelo Manual da Biblioteca Cidadã. Em um dos tópicos, o manual indica que se a devolução de livros demorarem a acontecer, a biblioteca pode tomar atitudes mais sérias e duras, como a realização de um Boletim de Ocorrência, para não correr o risco de perder definitivamente a obra.
Por livros, leitores e bibliotecas livres!
Atitudes descabidas e totalmente fora de proporção como essas protagonizadas pela Biblioteca Cidadã de Arapoti queimam a imagem de uma biblioteca, e nesse caso ela corre o risco de se tornar um ambiente totalmente autoritário, ao invés de acolhedor, que além de prestar serviços deveria também integrar a comunidade. Nesse caso só serve para gerar revolta.
Que tal seguir o exemplo de criatividade para conseguir os livros de volta adotada pela Biblioteca Pública Municipal Viriato Corrêa de Araxá/MG, que lançou uma campanha solidária para recuperar livros não devolvidos? A "Campanha do Perdão" (o nome já diz tudo!) é uma oportunidade para os leitores que têm pendências devolverem os livros. Ao invés de pagar multa, os leitores podem doar um litro de leite, que será doado para uma instituição beneficente, e assim praticar a solidariedade. Leia a matéria.
Imagens: 1, 2, 3
Atualização em 30 de Julho de 2013, 22h03
Biblioteca Cidadã de Arapoti x Leitores com devolução de livros atrasada
Polícia tem 15 queixas registradas para reaver livros de biblioteca do PR
A delegacia de Arapoti, na região dos Campos Gerais, no Paraná, registrou, apenas em 2013, 15 boletins de ocorrência por livros emprestados na Biblioteca Pública Cidadã que não foram devolvidos. As queixas foram feitas pela mesma funcionária da biblioteca. Um desses registros resultou na intimação do estudante Guilherme Nunes, de 17 anos, que não entregou um livro no prazo previsto, em fevereiro.
Segundo a polícia, se o garoto não devolvesse a obra infantil "Asterix: A Foice de Ouro" até esta terça-feira (30), o menor receberia outra intimação e até mesmo poderia responder pelo crime de desobediência. Durante esta tarde, o adolescente compareceu à delegacia do município para prestar esclarecimentos. Conforme o delegado Duarte Ataíde, as demais pessoas que tiveram registro no boletim de ocorrência também serão intimadas.
De acordo com Guilherme, o livro infantil era para o irmão Gustavo, que ficou responsável por devolver a obra. “Fui para Minas Gerais estudar e voltei agora, no meio do ano. Eu falei para meu irmão entregar enquanto eu estava fora, mas ele não entregou”, explica.
O pai, Elias Pascoal Nunes, admite que a família errou em não ter feito a devolução, mas afirma que a medida não deveria ser extrema. “Jamais o poder público poderia usar esse tipo de atitude para resgatar alguma coisa. Poderia ter telefonado ou mandado alguém ir atrás. Eu penso que delegacia é em último caso, quem dirá em um assunto como esse”, alega. Para ele, o serviço público precisa de pessoas mais qualificadas.
Funcionária vai ser afastada
De acordo com a secretária de Educação do município, Rosi Rogenski Ferreira, a funcionária da Biblioteca Pública Cidadã deve ser afastada da função. “Fomos orientados pelo procurador do município para que a gente abra uma sindicância para ver o que aconteceu e também, pedir o afastamento da função que ela exerce”, revela. A secretaria informa que a servidora vai ficar à disposição da Secretaria Municipal de Administração para outra função, ainda não definida.
Segundo Rosi, a atitude da funcionária não corresponde às ordens da secretaria. “Sentimos muito pela medida extrema que ela tomou. Fomo pegos de surpresa. Não orientamos jamais em fazer boletim de ocorrência nessa situação. Eu avalio como um despreparo da nossa funcionária”, esclarece.
Foto: Vanessa Rumor/RPCTV
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A delegacia de Arapoti, na região dos Campos Gerais, no Paraná, registrou, apenas em 2013, 15 boletins de ocorrência por livros emprestados na Biblioteca Pública Cidadã que não foram devolvidos. As queixas foram feitas pela mesma funcionária da biblioteca. Um desses registros resultou na intimação do estudante Guilherme Nunes, de 17 anos, que não entregou um livro no prazo previsto, em fevereiro.
Segundo a polícia, se o garoto não devolvesse a obra infantil "Asterix: A Foice de Ouro" até esta terça-feira (30), o menor receberia outra intimação e até mesmo poderia responder pelo crime de desobediência. Durante esta tarde, o adolescente compareceu à delegacia do município para prestar esclarecimentos. Conforme o delegado Duarte Ataíde, as demais pessoas que tiveram registro no boletim de ocorrência também serão intimadas.
De acordo com Guilherme, o livro infantil era para o irmão Gustavo, que ficou responsável por devolver a obra. “Fui para Minas Gerais estudar e voltei agora, no meio do ano. Eu falei para meu irmão entregar enquanto eu estava fora, mas ele não entregou”, explica.
O pai, Elias Pascoal Nunes, admite que a família errou em não ter feito a devolução, mas afirma que a medida não deveria ser extrema. “Jamais o poder público poderia usar esse tipo de atitude para resgatar alguma coisa. Poderia ter telefonado ou mandado alguém ir atrás. Eu penso que delegacia é em último caso, quem dirá em um assunto como esse”, alega. Para ele, o serviço público precisa de pessoas mais qualificadas.
Funcionária vai ser afastada
De acordo com a secretária de Educação do município, Rosi Rogenski Ferreira, a funcionária da Biblioteca Pública Cidadã deve ser afastada da função. “Fomos orientados pelo procurador do município para que a gente abra uma sindicância para ver o que aconteceu e também, pedir o afastamento da função que ela exerce”, revela. A secretaria informa que a servidora vai ficar à disposição da Secretaria Municipal de Administração para outra função, ainda não definida.
Segundo Rosi, a atitude da funcionária não corresponde às ordens da secretaria. “Sentimos muito pela medida extrema que ela tomou. Fomo pegos de surpresa. Não orientamos jamais em fazer boletim de ocorrência nessa situação. Eu avalio como um despreparo da nossa funcionária”, esclarece.
- A secretária ainda disse que existe um manual que rege a biblioteca e que não consta este tipo de atitude. Ela explica que, caso o livro não seja devolvido no tempo determinado, a regra é não permitir com que a pessoa empreste algum livro durante um ano.
Foto: Vanessa Rumor/RPCTV
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